Recentemente acompanhei um paciente em consulta com o cirurgião que realizou a Reconstrução do seu LCA (ligamento cruzado anterior) e o que era pra ser uma troca de conhecimento para o bem do paciente acabou como na maioria das consultas médicas, dois minutos de interação verbal e quase que nenhum contato visual, me senti nas Missas em Latim em que o Padre ficava ''de costas para o povo e de frente para Deus''. Não vim aqui para questionar a conduta médica, tão pouco a liturgia católica do passado, mas fiquei me perguntando se o cirurgião saberia alguns critérios para que o paciente pudesse caminhar, e é claro que ao fim da consulta confirmei o seu desconhecimento, além é claro da pouca abertura ao debate, afinal o padrão anormal da caminhada era fonte de constrangimento apenas ao paciente, que foi surpreendido com a retirada das muletas sem qualquer critério.

Para que o paciente possa sair das muletas e andar a primeira informação importante é consultar o cirurgião, antes e depois da cirurgia caso exista algum impedimento, como por exemplo, lesões ósseas e suturas.

A segunda etapa é ter a extensão completa do joelho, sendo que, a sua falta inevitavelmente fará o paciente mancar.

A terceira etapa é ter força suficiente para suportar o seu peso adequadamente sem muletas. A falta de força muscular está sempre associada a padrões anormais de caminhada após lesões e cirurgias de joelho.

A quarta etapa é ter confiança para realizar atividades como: subir/desces escadas, rampas, acessar, banheiros, elevadores e obstáculos em diferentes terrenos. Andar no corredor da clínica não coloca o paciente frente aos seus desafios diários.

É impossível manter um padrão normal da caminhada sem tais valências. Qualquer alteração pode se tornar grande fonte de constrangimento, podendo ser carregada até a fase da corrida quando mal conduzida.

O ato de caminhar é uma das funções dos membros inferiores e se é função é com o fisioterapeuta. É fundamental que a população entenda as atribuições do fisioterapeuta e confie mais nele, nenhum outro profissional sabe mais sobre biomecânica da marcha do que o fisioterapeuta: ''dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus''.